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Petrobras deve ajustar Capex em novo plano estratégico diante de cenário global desafiador

Em um movimento aguardado atentamente pelo mercado financeiro, a Petrobras (PETR4) finaliza os detalhes de seu plano de investimentos para o ciclo 2025-2029. Nesta quinta-feira, as ações preferenciais da estatal operam com estabilidade e leve viés de alta de 0,09%, cotadas a R$ 32,26, enquanto investidores digerem as perspectivas de uma leve redução nos aportes previstos, motivada principalmente pela volatilidade nas cotações internacionais do petróleo.

Revisão estratégica e disciplina de capital

Sob a gestão influenciada pelas diretrizes do governo Lula, que busca estimular a economia nacional através da estatal, a companhia enfrenta o desafio de equilibrar pressões políticas com a realidade de mercado. Fontes indicam que a Petrobras deve reduzir seu Capex (despesas de capital) em cerca de 2%, ajustando a previsão inicial de US$ 111 bilhões para aproximadamente US$ 109 bilhões.

Essa recalibragem reflete uma postura pragmática. Com o preço do barril tipo Brent operando abaixo do esperado, a diretoria busca evitar pressões financeiras desnecessárias. A estratégia central é clara: “fazer mais com menos”. O objetivo é manter a competitividade e a atual política de dividendos, sem elevar o endividamento da companhia, focando na eficiência dos ativos que a empresa já possui.

Eficiência operacional em águas profundas

A capacidade da Petrobras de extrair valor de seus projetos é sustentada por mais de 50 anos de expertise no desenvolvimento de bacias offshore. Líder mundial em exploração e produção em águas profundas e ultraprofundas, a empresa tem demonstrado resultados que superam as projeções técnicas.

Um exemplo recente desse desempenho é a unidade flutuante de produção Almirante Tamandaré. Originalmente projetada para uma produção de 225 mil barris por dia (bpd), a plataforma atingiu a marca impressionante de 270 mil bpd em outubro. Esse tipo de otimização operacional reforça a tese de que investimentos estratégicos em tecnologia e na expansão da capacidade de unidades existentes podem gerar retornos robustos, mesmo em um ambiente de preços de commodity mais baixos.

Estrutura corporativa e governança

A Petrobras segue sendo uma peça fundamental na infraestrutura energética, com atuação que vai além da extração, englobando um complexo sistema logístico de transporte, refino e geração de energia. A presença da estatal se estende por grande parte do litoral brasileiro e possui operações relevantes nas Américas e na África.

Financeiramente, a empresa demonstra ter superado o período mais sombrio de sua história recente. Após acumular prejuízos sucessivos e reconhecer perdas bilionárias decorrentes dos esquemas de corrupção revelados pela Operação Lava Jato entre 2004 e 2012, a companhia reestruturou seu modelo de governança. Hoje, operando como sociedade de economia mista sob controle da União, a gigante petrolífera mantém suas ações (ordinárias e preferenciais) negociadas com liquidez nas bolsas de valores de São Paulo, Nova York, Madri e Buenos Aires, buscando reconquistar a confiança plena dos investidores globais.