A BlackRock, reconhecida como a maior gestora de ativos do mundo, executou recentemente um depósito substancial de US$ 225 milhões em Bitcoin e Ether na plataforma Coinbase Prime. Esta ação destaca a crescente influência da gigante financeira no mercado de ativos digitais.
O Mergulho nos Ativos Digitais
A transferência, envolvendo os dois principais criptoativos do mercado, faz parte da contínua atividade institucional da empresa. A Coinbase Prime, uma plataforma especializada desenhada para a custódia e negociação de criptomoedas por grandes instituições, serve como um canal crucial para movimentações dessa escala, garantindo o manejo seguro dos ativos em ambientes regulados. Analistas sugerem que esse padrão de depósitos pode indicar desde rebalanceamentos de portfólio e ajustes de liquidez até atividades ligadas à gestão estratégica de seus ETFs (fundos de índice) de criptomoedas.
O Gigante por Trás do Movimento
Para entender a relevância dessa transação, é preciso dimensionar a BlackRock. A empresa administra um volume de aproximadamente US$ 9,4 trilhões em recursos, conforme dados de abril de 2023. Sua carteira de clientes inclui desde investidores pessoa física até bancos centrais, fundos soberanos e as maiores corporações do planeta. A título de comparação, toda a indústria de fundos de investimento no Brasil totalizava cerca de R$ 7,75 bilhões (aproximadamente US$ 1,55 bilhão) no mesmo período, segundo a Anbima.
Além do Mercado Financeiro Tradicional
O poder da empresa, no entanto, vai muito além da gestão de trilhões. A BlackRock detém participações significativas em “big techs” como Google, Apple, Meta e Amazon, além de posições estratégicas em potências farmacêuticas, empresas de commodities e serviços financeiros globalmente. A companhia também se tornou uma referência em inteligência artificial, resultado de investimentos pesados na área liderados por seu fundador e CEO, Larry Fink. Com presença em mais de 100 países e quase 20 mil funcionários, a gestora também expandiu seus tentáculos para os setores de ESG (ambiental, social e governança).
A Máquina de ETFs
No centro de seu modelo de negócios está a gestão de ativos, cujo carro-chefe são os populares ETFs (Exchange Traded Funds) da marca iShares. Embora a maior parte dos recursos sob gestão venha de clientes institucionais, os investidores individuais têm ganhado espaço. No Brasil, por exemplo, ETFs como o BOVA11 (que replica o Ibovespa), SMLL11 (focado em small caps) e o IVVB11 (que replica o S&P 500) estão entre os mais conhecidos e negociados da gestora.
A Origem: A Volta por Cima de Larry Fink
A trajetória da BlackRock começou em 1988, quando Larry Fink, aos 35 anos, buscava um recomeço. Ele havia construído uma carreira de sucesso no banco First Boston, mas um erro grave na avaliação de risco em 1986 resultou em um prejuízo de US$ 100 milhões para a instituição. Com a reputação abalada, Fink pediu demissão. Em 1988, ele se associou a Stephen Schwarzman, da BlackStone, para criar a BlackStone Financial Management. O foco da nova empresa era precisamente a gestão de riscos – Fink decidiu que nunca mais faria uma operação sem entender totalmente os riscos envolvidos. O sucesso foi rápido, mas desentendimentos sobre a divisão acionária e estratégia levaram ao “divórcio” da parceria, dando origem à BlackRock como a entidade independente que hoje domina o mercado financeiro global.